ABERTURA: O encontro com o outro de classe na obra de Clarice Lispector: as representações da pobreza e o papel do intelectual

Dia 14 - 09h
Auditório 411 - CCHLA/UFPB
Profa. Dra. Tânia Sandroni (USP)
Hoje se considera que a obra literária e jornalística de Clarice Lispector é também permeada, de forma mais ou menos explícita, por questões sociais, presentes na realidade brasileira. A alteridade, característica dos seus textos, também acontece com o outro de classe. Dessa forma, a representação da pobreza e o papel do intelectual estão no foco desta abordagem.

2. Restos autobiográficos: uma análise da memória no conto "Restos do carnaval", de Clarice Lispector

14/10 - 9h

Profa. Ma. Janaina Santos Silva Soggia (PUC-SP)

O presente estudo objetiva refletir acerca da reconstituição da memória clariceana no conto "Restos do Carnaval", publicado em 1971, na coletânea Felicidade Clandestina. Tal construção parte de elementos autobiográficos, reelaborados por meio da escrita de si, na qual Clarice Lispector rememora eventos de sua infância vivida em Recife (Pernambuco). No que diz respeito aos aspectos autobiográficos e memorialísticos, este artigo fundamenta-se nas postulações de Philippe Lejeune (2008), Maria José Palo (2009) e Joël Candau (2011).

3. A paixão informe: relações entre a obra de Clarice Lispector e a de Georges Bataille

14/10 - 9h

Prof. Dr. Alexandre Rodrigues da Costa (UEMG)

Esta palestra busca abordar possíveis relações entre as obras de Clarice Lispector e de Georges Bataille a partir da maneira como ambos encaram a realidade à margem dos sistemas de conhecimento, livre de determinados modos de classificações e figuração. Tal experiência, que se expressa como não-saber para o pensador francês e epifania para a autora brasileira, se constitui assim como um conhecimento escondido, nonsense que se estabelece em antinomias por meio de um olhar que desagrega o pensamento racional e o sentido de ordem que deste surge. No instante em que o mundo é concebido como um espaço de desarticulação e decomposição, a identidade é dilacerada pela própria incompreensibilidade que o ser humano tem de si mesmo, situação que analisaremos, nos textos de Clarice Lispector e Georges Bataille, como uma operação de desmantelamento das certezas e soluções.

4. Clarice Lispector: a criação como alegria difícil

Dia 15 - 09h 

Prof. Dr. Luiz Lopes (CEFET-MG)

A fala pretende, a partir de A paixão segundo G.H., evidenciar como a literatura de Clarice se aproxima de certa filosofia trágica, sobretudo a de Nietzsche, à medida que sua produção faz uma defesa do terreno, da alegria e do corpo.


5. Clarice Lispector educadora: quem tem medo da educação?

Dia 17 - 19h

Prof. Dr. Nilson Dinis (UFSCAR)

Clarice Lispector não foi uma educadora, ao menos não no sentido técnico da palavra. Mas isso não impediu que escrevesse em 1968, em plena ditadura militar, uma carta de protesto ao Ministro da Educação Tarso Dutra, no governo militar do general Costa e Silva, reivindicando mais acesso estudantil às universidades. Pedia de forma ousada e perigosa, para o contexto histórico da época, que sua carta de protesto fosse lida como uma "passeata de protesto de rapazes e moças". Mas é no conto "Os desastres de Sofia" que vemos realmente a arte da educação clariceana em plena ação em um conto no qual se cruzam os caminhos imprevisíveis de uma pedagogia da aprendizagem do poder das palavras e uma pedagogia do poder do amor. Sofia se apropria de uma escrita moralizante proposta por seu professor para defender uma outra escrita, que valoriza o ócio e o prazer, já o professor descobre na redação original da pequena Sofia um "tesouro onde menos se espera" no meio daquela turma que julgava apenas de estudantes desinteressados. O poder das palavras no erotismo e o poder do erotismo nas palavras abrindo um jogo polissêmico no processo de ensino-aprendizagem e na descoberta do amor. "As palavras me antecedem e me modificam, e se não tomo o cuidado será tarde demais: as coisas serão ditas sem eu as ter dito. Ou, pelo menos, não era apenas isso. Meu enleio vem de que um tapete é feito de tantos fios que não posso me resignar a seguir um fio só: meu enredamento vem de que uma história é feita de muitas histórias. E nem todas posso contar – uma palavra mais verdadeira poderia de eco em eco fazer desabar pelo despenhadeiro as minhas altas geleiras".

6. A normalidade como sintoma no conto "Os obedientes", de Clarice Lispector

Dia 17 - 19h

Profa. Dra. Yudith Rosenbaum



7. O Evangelho segundo Clarice Lispector

Dia 18 - 09h

Prof. Dr. Thiago Cavalcante Jeronimo (UFSCAR)

Dentro da fortuna crítica de Clarice Lispector há inúmeros intérpretes que tentam prender ou centralizar a fluida produção da autora ao nicho religioso judaico. Considerando a ascendência judaica na qual a escritora se filia, a grande tentação de críticos é direcionar a obra inclassificável de Lispector a esta cadeia cultural-religiosa. Longe de propor um debate acerca da adequação ou inadequação da escrituração de Lispector às raízes judaicas, interessa, nesta palestra, a partir de textos publicados e inéditos de e sobre Lispector, evidenciar o diálogo explícito da ficcionista com ícones dos evangelhos, isto é, com personagens pertencentes ao Novo Testamento da Bíblia cristã. Nota-se, contudo, que o veio religioso em Clarice Lispector se perfila mais em uma crítica à esfera religiosa do que em unificação a uma determinada crença ou confissão de fé. Entretanto, como será estendido em análises, a alusão que a autora faz do cristianismo na sua produção pode ser considerada como recurso discursivo à adequação ao estado emocional de muitas de suas personagens, a exemplo de Virgínia, personagem de O lustre (1946), e Lóri, heroína de Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres (1969).



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