1. Clarice e o erotismo
18/10 - às 13h
- Coordenador: Prof. Milton Douglas (UFPB/LIGEPSI)
A tessitura erótica e pornográfica, no kama sutra lispectoriano, emerge como um fio delicado e visceral, um serpenteio sinuoso entre as palavras que evoca o inefável ardor dos amantes numa dança apaixonada e, por vezes, selvagem. Nos seus textos curtos ou longos, Lispector desvela os interstícios secretos da paixão, nas quais as fantasias se entrelaçam aos corpos como heras voluptuosas, num eterno via crucis do desejo, onde a carne é, ao mesmo tempo, prisão e libertação. No epicentro desse jogo sensual, cujos amantes se entregam às delícias e tormentos do prazer, a palavra de Lispector se torna uma força incontrolável, uma energia pulsante que transcende os limites do erotismo "tradicional". Em determinados casos, quando a decrepitude do corpo se insinua, quando a juventude cede lugar à velhice, é a palavra que se torna a verdadeira protagonista, potente em sua imanência, capaz de esfacelar a carne e, paradoxalmente, ressuscitar a sensualidade latente. Dessa forma, contagiados pelos sinestésicos da prosa clariceana, mergulhamos nas profundezas da experiência humana, da qual os desejos, angústias e moções eróticas se manifestam em estado cru, em sua forma mais primitiva e visceral, nosso GT albergará pesquisas que se debrucem sobre a emaranhada rede das experiências amorosas, eróticas e/ou pornográficas, tão difíceis de serem traduzidas pelos amantes, mas tão bem bosquejadas pela sensibilidade vaticinadora de Clarice Lispector.
2. Clarice e os itinerários da feminilidade
18/10 - às 13h
- Coordenadora: Profa. Ma. Wanessa Moreira (UFPB/LIGEPSI)
A prosa poética de Clarice Lispector é marcada por uma imersão nas subjetividades de suas personagens, utilizando uma linguagem que valoriza sentimentos e emoções. Abordando a existência humana e sua complexidade, por um viés filosófico, podemos afirmar que Lispector sempre problematiza a própria capacidade da língua ao reconhecer os limites que as palavras impõem ao desejo, ao autoconhecimento e à comunicação com o Outro. Nessa perspectiva, a escrita clariceana procura transgredir essa fronteira. Ao tentar exaurir os significados das palavras, em busca de expressar os sentimentos femininos, a linguagem, torna-se, portanto, origem e essência da própria tessitura textual da autora. Considerando esses traços, Clarice Lispector esgarça as particularidades do universo feminino, desnuda as relações de poder, expõe sentimentos e insatisfações da mulher. As narrativas não se restringem a denunciar os efeitos do patriarcado na subordinação da mulher. São criados campos de "meditação (e de mediação)", através da palavra, sobre o feminino e os mistérios que concernem o universo e o corpo da mulher. À luz do exposto, este GT visa discutir as várias representações do feminino na obra de Clarice Lispector, utilizando teorias psicanalíticas, feministas e/ou de gênero que reflitam a condição do feminino na produção literária da referida autora.
3. Lispector, Telles e Hilst: aproximações e afastamentos